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2 de fevereiro de 2021Criar uma vivência a partir da narrativa espontânea dos sonhos é o objetivo da residência “Sonhário”. Proposto pela artista visual Bruna Mazzotti, o projeto busca “coletar” relatos de experiências oníricas vivenciadas pelas pessoas, de modo a transformá-las em instalação.
O resultado final da residência está previsto para o mês de março, com o lançamento de um e-book por meio do Instagram @sonhario_residencia, e o lançamento de um site que vai exibir os vídeos do projeto. Para “emprestar” seus sonhos ao trabalho, basta escrevê-los e enviá-los ao endereço de e-mail sonharioresidencia@outlook.com até o final de fevereiro.
A residência “Sonhário” é componente da parte prática do trabalho de dissertação de mestrado de Bruna, aprovado para ser desenvolvido através da linha “Poéticas Interdisciplinares” do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais, Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAV/EBA/UFRJ).
O processo de criação da residência aconteceu de 10 a 31 de janeiro, com os artistas Alonso Júnior (AM), do setor audiovisual; Brenda Carvalho (SP), da dança; e Rafael César (AM), da poesia/palhaçaria, convidados que executaram e que também emprestaram sonhos para o projeto.
“Anteriormente, tratava-se de instalar objetos em uma moradia habitada por nós quatro. No entanto, dado o momento crítico em que estamos passando, alteramos a residência para o formato virtual, onde nos reunimos todas as noites via chamada de vídeo durante o processo de criação. Nesse sentido, convidei aos artistas para se utilizarem de imagens oníricas enquanto fundição, base, estrutura e viga para a sustentação de uma poética visual dentro de nossas próprias casas; além de intencionarmos emprestar sonhos de amigos, familiares e também recebermos sonhos de outras pessoas”, complementa Bruna.
Motivação
Há dois anos, Bruna tem absorvido elementos como o descontrole e o imprevisível para com o trabalho artístico, e, segundo ela, isso advém principalmente de processos colaborativos, o que acabou motivando a instalação.
“Assim, presumo que nossos sonhos no espaço da casa de cada um de nós, ao se encontrarem em uma instalação resultante, usufruirão de uma perda da autoria, contribuindo significativamente para um estado indefinido entre um artista e outro; e ainda entre uma linguagem e outra, tal como acontece na inventiva de sonhos noturnos”, coloca Mazzotti.
As experiências oníricas parecem se encaixar exatamente nos moldes da instalação e gerar soluções subconscientes para o projeto, conforme relata Bruna em uma experiência pessoal e curiosa que aconteceu durante o processo.
“Eu estava esboçando uma instalação com uma rede de pesca e rede de proteção para a janela. A primeira pessoa que pedi um sonho emprestado foi minha mãe e ela justamente sonhou com uma rede de pesca em cima de uma cama de casal. Agora já sei onde instalar esse sonho em minha casa”, comenta a artista visual.
Participantes
Com a residência, o ator e poeta Rafael César quer que o processo artístico o conecte a ele mesmo e aos seres ao seu redor.
“Apesar do intermédio da tecnologia digital o afeto é – e sempre será – analógico. E meu caminho ao outro sempre foi o sonho, seja desperto ou no mundo de Orfeu. A vida desperta para mim é, às vezes, complexa, pois carrego do mundo de lá sonhos que quero viver do lado de cá. E o ‘Sonhário’ é isso: viver os sonhos, transbordá-los de mim para o outro e me inundar do outro em mim”, declara Rafael.
A perda de noção de tempo e espaço que Brenda Carvalho experimenta na dança, assim como nos sonhos, sempre despertou nela muita curiosidade.
“Minha primeira expectativa foi entrar em contato com o mundo dos sonhos, lúcidos ou não, e aprofundar-me um pouco mais nessas estruturas que misturam essas dimensões em mim. A expectativa cresceu ainda mais ao saber que eu faria isso junto a outros artistas. Com a reviravolta digital, não pudemos fazer isso presencialmente, mas essa foi mais uma potência que encontramos no tema do sonhar, aonde tudo é possível e assim tem sido a experiência até agora”, pontua Brenda.
Muitos dos sonhos de Alonso Júnior são aventuras onde ele precisa ajudar pessoas, resgatar objetos preciosos ou até mesmo atravessar cenários nocivos.
“E esse projeto me encontra como uma oportunidade de explorar essa criatividade. A ideia de misturar as coisas daqui com as dos sonhos para um resultado visual/palpável e compartilhável muito me atraiu desde o início, e para isso estamos nos reunindo e conversando para trançar uma malha, pescar e alimentar a mente das pessoas com essa experiência”, completa ele.
Ficha técnica
Propositora: Bruna Mazzotti (artista visual)/ Artistas convidados: Alonso Junior (audiovisual), Brenda Carvalho (dança) e Rafael César (poesia/palhaçaria)/ Produção Cultural e consultoria: José Loures/ Designer: Gabriel Andrade
Apoio
Edital Prêmio Feliciano Lana / Cultura Criativa, Lei Aldir Blanc, Categoria Artes Integradas – Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas (SEC) e Programa de Pós-graduação em Artes Visuais, Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAV/EBA/UFRJ).
Crédito das fotos em anexo